quarta-feira, 29 de junho de 2011

Carrossel de Baco - Café Paon - São Paulo



http://www.carrosseldebaco.com.br/

Dia 10 de julho , domingo, às 20:00, tem Carrossel de Baco no Café Paon em São Paulo. Participações de Juliano Gauche, Marcio Pavesi e Wylmar Santos, além do lançamento do vídeo clipe da banda.

Além do petróleo leve, a bacia de Santos apresenta ao mundo a novidade que atende pelo nome de Carrossel de Baco. O som da Banda jorra dos teatros e bares da região uma fusão explosiva de gás humano, dança, teatro, poesia e cultura caiçara, deuses do Olimpo e canção popular. A música vinda do Movimento Caiçara Contemporâneo aponta para o sucesso em várias frentes, seus integrantes misturam com muito talento linguagens e signos, batuques e eletricidade, a Tropicália e o manifesto antropofágico, sempre com referência e reverência às festas populares e as coisas das tribos de todas as partes do país.
A Banda Carrossel de Baco é liderada pelo ator, cantor e compositor Danilo Nunes e a matéria-prima é a festa popular, suas danças, crendices, maracatus, sambas, xotes, batuques e a poesia visionária e mística dos cordéis e cantadores. Danilo, com a sua formação teatral, canto seguro e expressão corporal comanda uma banda firme e cheia de ritmo, repleta de sons elétricos e misturas sonoras que fazem o Carrossel girar em torno da contemporaneidade. Seu som conecta os cordéis às pistas. O repertório é formado basicamente por canções originais e outras em parceria, além das canções cedidas por amigos. O som eletrifica sem distorcer sambas de roda e ciranda. Há no projeto um jeito de obra aberta, coletiva, festa e roda, onde todos contribuem ou são tragados para dentro, com influências claras como a Tropicália e o Manguebeat.

30,00 = entrada + cd

Ingressos antecipados pelo site:
http://www.ingressorapido.com.br/Evento.aspx?ID=15409
ou no café paon: 11- 5531 5633 / 11- 5533 5100

terça-feira, 28 de junho de 2011

Célia Faustino e a dança contemporânea

foto: Chistina Amorim


por Márcia Costa - www.revistapausa.blogspot.com

Quando se fala em dança contemporânea, em pesquisa e mistura de linguagens artísticas, o nome de Célia Faustino (foto) emerge como uma das maiores referências em Santos. Nesta entrevista você vai conhecer mais sobre as idéias da eutonista, educadora corporal e pesquisadora que integrou diversos grupos, como o Corpo Estável de Dança da Prefeitura Municipal de Santos, e desde 1994 desenvolve trabalhos solo. Atualmente é diretora do Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino, onde oferece diversas atividades, a exemplo das aulas de dança e de eutonia.

Junto com o bailarino e coreógrafo Edvan Monteiro (que trocou Fortaleza por Santos recentemente), com o músico Márcio Barreto e mais artistas, integra o Núcleo de Pesquisa do Movimento – Imaginário Coletivo de Arte, que tem realizado várias apresentações, principalmente improvisações em dança em espaços da cidade.

Ao lado dos também bailarinos e coreógrafos Edvan Monteiro e Rita Nascimento, Célia vai discutir a dança contemporânea no próximo encontro do UrbanARTE, evento em que artistas discutem uma linguagem (dança, música, literatura, teatro, etc). Em seguida, ela e Edvan apresentarão uma pequena performance para fazer “aparecer” as criações após a exposição de seu método, e com a participação especial do grupo Percutindo Mundos, criado por Márcio Barreto. O evento será nesta terça-feira (28), às 20h, na sede do Fórum da Cidadania e Cultura de Santos (Avenida Ana Costa, 340, Campo Grande, em Santos) A entrada é gratuita.

Sentindo e respirando dança ao longo de sua vida, Célia conta nesta entrevista sobre como essa arte tomou conta das suas horas.

Como começou a sua relação com a dança?
Comecei a fazer Ballet Clássico, como quase toda menina da minha geração, aos 6 anos. Interessante, porque minha mãe me colocou no Ballet por indicação de uma amiga dela. Morávamos em uma cidade do interior, era muito extrovertida e adorava subir em árvores. Quando mudamos para Santos, minha mãe percebeu que meu comportamento se modificou, fiquei mais introvertida. Essa amiga da minha mãe sugeriu as aulas de Ballet, como um estímulo para a sociabilização. Ela acertou! A dança de certa forma entrou na minha vida como uma terapia. E deu certo!

Fiz a formação do Ballet Clássico na escola de Ballet do Teatro Municipal de Santos, participei de academias e grupos de Dança, que na época efervenciam em apresentações de festivais.

Quando começou a ensinar?
Comecei a dar aulas de Ballet Clássico para crianças, e daí surgiu uma das grandes questões da minha vida profissional: qual a pedagogia a se adotar, para poder dar aulas de dança de uma forma mais humana e orgânica? Porque, afinal de contas, apesar de todas as dificuldades da técnica, era assim que eu sentia a dança, um grande sentimento de prazer! Como poder passar esse “prazer” no decorrer das aulas. Questão que até hoje me motiva.

E a artista Célia, quando surgiu?
Outra grande questão que surgiu, foi na área artística: Qual a linguagem da minha dança, como poder traduzir meus sentimentos, pensamentos e reflexões, através do gestual corporal? E aí se inicia um grande percurso: dança moderna, dança contemporânea, dança teatro e diferentes e diversas técnicas.

De certa forma, essas duas grandes questões foram resolvidas, ou melhor, os caminhos foram clareados, quando fiz a formação da Eutonia. Que me possibilitou um conhecimento teórico e prático, tanto na área pedagógica, artística e terapêutica.

E de novo fecha-se um ciclo, a dança que é em essência prazer, torna-se uma fonte de trabalho pedagógico e terapêutico, com muita pesquisa e criação artística.

Trabalhei no SESC/Santos, durante 17 anos, onde pude experimentar, pesquisar e desenvolver uma pedagogia própria. E de certa forma uma identidade artística.

Há 9 anos criei minha própria escola, o Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino, onde dou aulas de Eutonia, Alongamento e estruturação corporal, Ballet Clássico para adultos, Dança Contemporânea e Improvisação.


Você também desenvolve um trabalho de pesquisa com outros artistas.
Atualmente faço parte de um grupo de música, o Percutindo Mundos, que pesquisa a música contemporânea caiçara.

E nesse ano criamos, junto com Márcio Barreto, o Imaginário Coletivo de Arte que agrega artistas do litoral paulista em suas diferentes linguagens e tem como proposta fortalecer e propagar a Arte Contemporânea Caiçara, valorizando nossas raízes e misturando-as à contemporaneidade. Dentro do coletivo, criamos o Núcleo de Pesquisa do Movimento, resultado de anos de pesquisas desenvolvidas em diferentes áreas que culminaram na busca de uma nova sintaxe corporal, através da reflexão sobre os processos criativos na Arte Contemporânea Caiçara.

Os integrantes do grupo convergem da dança, eutonia, teatro, circo, música e “Le Parkour”. Estão diretamente ligados à experimentação através de núcleos de pesquisas desenvolvidos no Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino, no grupo Percutindo Mundos, de música contemporânea caiçara, na Cia. Etra de Dança Contemporânea (criada por Edvan) e no Projeto Canoa – pesquisa da Cultura Caiçara.

Quem quiser começar a aprender sobre dança agora tem uma oportunidade com os novos cursos que oferece nas férias. Fale um pouco sobre eles.
Ofereceremos em julho Ballet Clássico para adultos e Dança Contemporânea e Improvisação. Através da consciência corporal, desenvolvemos técnicas específicas de dança, com o objetivo de auto-conhecimento somado ao prazer da criação.

Não é necessária experiência anterior. Trabalhamos aplicação dos princípios da Eutonia, desenvolvimento da percepção corporal, organização e vitalização postural, liberação das tensões físicas e emocionais, aprofundamento da escuta interna, sensibilização musical, expansão da relação tridimensional espacial, presença no contato com o outro, escuta, expressividade e criação. Todos estão convidados a conhecer.

O Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino fica na Rua Oswaldo Cóchrane 71, sala 34, em Santos. O telefone é (13)32273790.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Lançamento do livro "Vento Noroeste" de Regina Alonso




Regina Alonso: Muito feliz por lançar VENTO NOROESTE , meu segundo livro de haicai, agora prosa e poesia. Editado pela Editora ALLPRINT, o livro foi ilustrado pela fotógrafa sensível que é Christina Amorim. Delicada como sempre e levando a arte como parte de si mesma, Christina fez lindos painéis com as ilustrações do miolo e também com a arte da capa, de sua autoria: Folhas ao vento formando o símbolo do infinito...
Teruko Oda faz a apresentação de VENTO NOROESTE. Este livro começou a ser escrito há sete anos, quando inciei a leitura das viagens de Bashô, especialmente a tradução de Olga Savay de Sendas do Oku. Assim, o contato com Otávio Paz, Juan Tablada e outros que nos enriquecem com informações e colocações sobre a cultura, a poesia em geral e em especial, a japonesa. Inspirada, fui tecendo minha viagem "sem sair do lugar"... Não segui as regras do haibun(diários de viagem japoneses), apenas estabeleci a conversa entre os poemas(ilhas) e a prosa(mar). Na verdade além do mar, também navego através do vento noroeste da minha Santos e compartilho memória e encantamento!

De volta ao passado —

Pelas calçadas de Santos

Vento noroeste.




Apresentação





Há diários e há registros. Há anotações e há confissões. Alguns, abertos sem restrição. Outros, nem tanto.

Diários objetivos do que se fez ou acontece a cada dia. Anotações de despesas, de compras, de passeios. Registros de acontecimentos, de sensações, impressões e emoções em forma de poemas.

Há os diários íntimos, quase sempre escritos para o deleite de um único leitor — o próprio registrante.

Há, ainda, os diários de viagem, conhecidos pela designação japonesa haibun. Nesta categoria, estudiosos do assunto afirmam ser Oku no hosomichi, de Matsuo Bashô, poeta japonês do século 17, o mais famoso.

Popular entre os japoneses, mas ainda pouco praticado no Brasil, este Vento Noroeste, embora não tenha a pretensão de ser um haibun, e nem siga as orientações sugeridas para o gênero, pode ser lido como tal.

Vento Noroeste - viagem poética – sempre no mesmo lugar...

Narrativa leve e bem humorada de acontecimentos vivenciados pela autora e guardados na memória por algumas décadas. Uma retrospectiva cuja dinâmica, baseada na combinação de prosa e poesia, nos conduz pelas ruas e casas de Santos, sua cidade natal, onde reside até hoje.

Impregnado de vida e poesia, o passado, agora revisitado sob o olhar maduro da haicaísta Regina Alonso, vai se transformando em poemas do aqui e agora — fugaz momento de eternidade do tempo que foge implacável.

Na grande casa de ‘portas de correr’ Regina não mora mais... Mas,

Por entre os vitrais

Pôr do sol de primavera

colore as paredes.



As palavras, mesmo as nascidas no papel, criam asas. Libertam-se e voam em busca de seu próprio destino.



Que o futuro reserve para este Vento Noroeste a alegria de muitas mãos acolhedoras.



São Paulo, primavera de 2010.

Teruko Oda



Lançamento em São Paulo na Martins Fontes, Sábado, 2 de julho - veja o convite...

Em Santos, será lançado em agosto, no SESC-SANTOS durante as Comemorações do Aniversário do Grêmio Caminho das Águas, onde me iniciei com Teruko Oda, que me levou pelo bom caminho... Assim o convívio com os haijins no SESC, todo segundo sábado do mês... oficinas em escolas, ONGS, na praça do Aquário... os concurso e as premiações... o convite para ser jurada em outras cidades... o convite para o primeiro livro da haicai ONDAS VÃO E VEM, Coleção da Dulcinea Catadora, numa seleção de Teruko Oda. E agora, este VENTO NOROESTE... soprando forte (espero) no coração dos poetas!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Atro Coração por Christy-Ane Amici

Christy-Ane Amici - foto: Biga Appes

Texto: Christy-Ane Amici

O que posso dizer de Atro Coração? E de suas personagens?



Vou começar falando sobre mim e minha relação com esta peça.



Eu comecei a ensaiá-la em 1992, acho, mas em meados de 1993 eu e meu colega de atuação, no caso, autor e diretor da peça, tivemos, cada qual, mudanças em nossas vidas que requereram nosso tempo integral para ajustes e conseqüentemente deu-se o fim dos ensaios.

Nunca mais pude voltar a atuar. A faculdade bem sucedida, prometendo uma boa profissão, os estágios profissionalizantes, o primeiro emprego, o primeiro filho, o primeiro ninho, tudo colocou o teatro no status de coisa de juventude.

Nunca mais vi Marcio até um dia quando o Orkut já tinha cansado a beleza de muitos internautas nos encontramos através de amigos. Falamos sobre a peça. Ele tinha perdido o texto. Eu tinha a primeira cópia. Entreguei-a a ele com a condição de que se ele um dia a remontasse eu faria parte dela. O trato foi selado, embora eu tivesse feito na verdade uma brincadeira irônica e não um acordo.

Mas eis que um dia Marcio me liga, dizendo que tinha reescrito a peça e que sua parte no trato estava cumprida: podíamos começar a ensaiar.

Curioso é que eu que até alguns meses não tinha tempo pra nada, agora tinha tempo de sobra: home-work.

Começamos a ensaiar e a “viajar” em todos os sentidos e significados.

Eu diria que a peça é toda ela cheia de símbolos e alguns nós mesmos vamos decifrando aos poucos. Por exemplo: as cores dos figurinos. O branco, o preto, o vermelho, e um pouco de jeans. E aí está: o bem, o mal, o amor, são fáceis de serem identificados, mas o indigus brim... É aquilo que resiste ao tempo e às situações mais difíceis, o que é atemporal e mais do que isto o que não diferencia classe social, nem carrega preconceitos, o jeans é apolítico.

Voltando à Terra... Só sei que quando faltava apenas a limpeza dos gestos, o aprimoramento das coreografias, algumas filmagens externas, eis que nossas vidas, a minha e de Márcio foram arrebatadas com mudanças que chacoalharam nossas vidas de tal forma que levaria, como de fato levou, muito tempo para nos recuperarmos.

Foi quase um ano de recesso.

Insistimos. Voltamos. E alguns meses depois eu adoeci, logo após interpretar uma cena de Lilith na pinacoteca. Mais de um mês da minha vida foi dedicada à cama e à tosse... Curioso que a personagem passa por isto, mil vezes pior, mas eu me senti em laboratório (que no teatro quer dizer passar por experiências que aflorem sensações que levem a entender/perceber os sentimentos e atitudes da personagem).



Neste tempo acamada pensei se tudo isto que relatei até agora não tinha uma explicação mística - já que a peça fala do mítico/religioso.

foto: Adilson Félix




Afinal a peça coloca frente a frente o anjo que provavelmente é o mais conhecido entre os fiéis, por ser o mais atuante nas passagens bíblicas e a mulher banida por Deus, propositadamente esquecida por todos, com apenas uma coisa em comum: o amor romântico.



Então Deus e o Diabo estão na pele de Capuleto e Montéquio, mas não impedem a aproximação, forçam-na no campo fértil para as experimentações: a Terra, provavelmente cada qual apostando suas fichas no resultado final deste amor: a transformação, e destruição.



Estaria presente aqui o xivaísmo, onde a destruição serve ao campo da construção de algo novo. Lógico que só a renovação seria possível, principalmente a Gabriel, que saindo ou ficando neste estado de amor, provavelmente nunca mais teria sua condição bíblica de outrora.



Na estória da peça Lilith apenas experimenta o que detesta: a submissão, e embora já a tenha experimentado, desta vez não possui a condição de fugir desta situação, vai ter que vivê-la até o fim.


foto: Márcio Barreto



Lilith com certeza está revoltada com tudo isto, mas ainda se lisonjeia por ser admirada/amada como poucas e sua essência não fora afetada a tal forma que não haja regresso, ela provavelmente voltaria a seu estado de antes, se quisesse, quando saísse de sua condição humana. Talvez apenas teria aprendido a lição de Che Guevara: teria mais ternura.



Mas talvez os mitos não tenham gostado da situação em que a peça os coloca e talvez briguem conosco tentando nos fazer não encená-la...



Mas voltamos a ensaiar. E a data de estréia está marcada.


foto: Adilson Félix



A diferença agora é que entendemos muito melhor a estória por de trás da estória e tal forma que chega a ser um crime não dividir o que aprendemos com o público. Por isto eu escrevo.



Estava presente até aqui a Roda de Sansara, que eu entendo como um ciclo vicioso no qual as pessoas por suas essências tendem a girar, ou provocam reações por suas ações que fazem girar a tal roda, sempre de forma semelhante, em intensidade, sentido e resultado.



Nós os atores ensaiamos a peça e quando ela fica quase pronta algo nos retira do palco e aceitamos a adversidade atriz principal e a peça fica como elenco de apoio.



Basta! Agora pedimos licença aos mitos, mas vamos representá-la. Só assim quebraremos este ciclo vicioso em que nos envolvemos eu e Marcio ao decidirmos interpretar Gabrile e Lilith apaixonados.



E não há nada de errado em amar, ou encenar uma estória, ainda que herege (certamente é assim que alguns dirão). O que importa é o que se faz com isto. Se o amor, por mais impuro que pareça aos olhos dos outros, servir à evolução pessoal ou até social, haverá redenção. Se uma estória fantasiosa servir a apontar nossos defeitos e qualidades reais e colocar nossas atitudes viciadas em xeque-mate e assim darmos por encerrada esta fase da vida, para começar outra nova, sem o mesmo hábito, haverá transformação.



Mas por que Gabriel? Por que Lilith? Por que mexer com eles?


foto: Biga Appes


O amor romântico, eu acho sempre tende a ser mais insuportável para quem tinha a vida equilibrada e feliz. Porque ele vem feito ciclone varrendo as certezas, jogando todas as conquistas, colocando como local suportável o centro: o fator central: o próprio amor.

Como mostrar isto senão fazendo sentir amor romântico, um ser inocente/ puro? Mostrar como este tipo de amor pode abalar o mais firme dos pilares. E como a condição de bondade em nós, não pode estar ligada à concepção que temos de nós mesmos e nem à noção do que é certo ou errado, pois se estas idéias forem opostas, enfrentarem adversidades, então agiríamos sem altruísmo.



É mais ou menos como um fiel que ao ler ou ver a peça nos programe o inferno como fim de nossos dias. Onde está sua bondade agora? Não pode simplesmente ser bom o desejar-nos o céu, só porque suas bases religiosas saíram de órbita?



É, como dizem, é fácil ser bom, quando está tudo bem, o difícil é manter-se bom na adversidade. Eis aí o primeiro teste. Fiel, mantenha-se desejando o bem até mesmo a nós pobres mortais que não sabemos o que fazemos... (mas estamos tentando...).



Lilith com certeza foi escolhida a dedo para estrelar a peça. Primeiro porque ao que dizem, o Concílio de Tentro (que ficou famosos no Filme O Código Da Vinci) varreu-a da Bíblia como forma de acabar com a sua força. Ora se você julga e condena um criminoso ele está ai lembrando o crime e sua punição. Se você dá cabo do criminoso sem alarde, seria como se ele nunca tivesse existido, tampouco seu crime. A maior das punições é ser ignorado.



Então os seres humanos acharam que a parte escura da lua era muito pouco para o que Lilith merece. Ela merece não existir, jamais.



O mais curioso é seu crime original: Feita do mesmo barro que Adão, queria a igualdade, inclusive sexual. Chega a ser engraçado um Livro Sagrado se preocupar com a posição sexual dos amantes, mas a briga entre o primeiro casal do mundo foi porque ela queria ficar por cima de vez em quando e Adão achava aquilo humilhante...


foto: Biga Appes


Em outras palavras ela queria gozar à maneira dela e ele deveria achar que isto era uma crítica “Amorzinho, eu gosto assim e não como você faz.”.



Os religiosos que contam sua estória fazem-na parecer vingativa. Ela foi “dar mais que xuxu na serra” abandonando Adão. Transou com tantos quando pode, aperfeiçoou-se e tornou-se não só a primeira mulher, como também primeira mulher fatal!



Ou talvez ela só foi tentar gozar, já que Adão não a satisfazia. Mas uma mulher querer sentir prazer é um perigo, sempre foi visto em quase todas as religiões. Pelo simples fato que a a sensualidade e a perfeição sexual, somadas, é o domínio sem armas e sem força bruta, mas é forte exatamente como o amor romântico. È o ciclone jogando suas certezas e colocando o objeto de sua adoração no centro calmo, onde o céu é limpo, no momento seguinte, a isto você já pode chamar de amor romântico, dá no mesmo.



Como punição por ser tão ousada Deus a castiga, varrendo-a para debaixo do tapete lunar, o lado de baixo que ninguém vê.



Aí sim, vingativa por falta de compreensão, passa a seduzir homens nos sonhos entre outras tantas maldades que lhe atribuem, pois a mulher que não quer ser sub-julgada ao homem merece receber os créditos pelos feitos e por aqueles maus-feitos que ninguém sabe quem foi, mas bem que podia ser ela. Não estou aqui para defender Lilith não. Eu sei bem qual a força de uma mulher na vingança, ela é capaz de se destruir desde que leve consigo seu alvo e se sentirá feliz mesmo sucumbindo por isto.



Mas bem se sabe que a religião para dominar a mulher deixou um rol bem fechado de atitudes permitidas a elas, e qualquer coisa fora ao permitido: era punível com rigor. Certa vez eu li que a inquisição matou milhões mais do que o nazismo... E que a igreja veio a público pedir perdão. De minha parte, só me vem à mente um trecho da música de Gilberto Gil “Não há o que se perdoar, Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão”.


foto: Biga Appes


Então a peça é assim, através do amor mistura tudo. Espalha as qualidades e defeitos das personagens e os distribui de maneira, lógica, ou seja, pela probabilidade do que aconteceria à pessoa, se exposta àqueles acontecimentos.



Gabriel está apaixonado, mas também revoltado perdeu sua condição de anjo e certamente não voltará a tê-la. Provavelmente valeria à pena, se vivesse em plenitude seu amor romântico. Lilith está sob domínio de um homem e deve obedecê-lo, pois como mulher não tem testosterona para forçar uma mudança através da luta, nem palavras que a façam voar. Está na sua forma mais desconfortável: a da submissão, onde a ternura e a compreensão que ela nunca teve é a chance para a reviravolta.



Só que como qualquer humano eles não sabem de sua vida passada. E a vida que tiveram até se encontrarem foi a que realizaram através de seus sentimentos e atos. E o amor que sentem embora esteja ali neles é vivido de outra forma, não são mais dois recém apaixonados se escondendo dos Capuletos e Montéquios. São dois apaixonados errando e aprendendo o que fazer com o amor.



A peça repete cenas, falas e atos, como na Roda de Sansara. É uma clara referência ao fato de que sempre vamos encontrar parceiros de atitudes iguais aos anteriores e viveremos fatos repetitivos enquanto agirmos da mesma forma que provoque isto.



No caso de Lilith e Gabriel, a peça é uma das inúmeras encarnações deles, sempre trilhando, por suas essências, semelhantes caminhadas. O fascínio que ela exerce sobre ele através da sedução, a honraria que ela sente pela devoção dele, ainda que exagerada, o fazem girar pelos erros do amor (posse, domínio, desespero, insegurança) e isto só cessará o dia que um deles, ou ambos, tomar atitude completamente nova, quebrando o ciclo vicioso que permitira o novo.



O ensinamento aqui é a grande chave da peça: “Não importa o que é o amor, mas o que você faz com ele” de Márcio Barreto.



E o que vale pro amor, vale pra tudo em você, para o mundo, para a vida. “Não importa o que você é, mas o que você faz com o que é.”



Eu só tenha a agradecer a Márcio pela oportunidade de evoluir com ele através de sua obra. É a função da arte, não?

UrbanARTE - Dança contemporânea é tema de discussão e performance




UrbanARTE

Dança contemporânea é tema de discussão e performance

A dança contemporânea é o próximo tema do UrbanARTE, evento em que artistas discutem uma linguagem (dança, música, literatura, teatro, etc) e, em seguida, apresentam uma pequena performance para fazer “aparecer” as criações após a exposição de seu método. O próximo encontro ocorre no dia 28 (terça-feira), às 20h, na sede do Fórum da Cidadania e Cultura de Santos (Avenida Ana Costa, 340, Campo Grande, em Santos) com a presença dos bailarinos Célia Faustino, Edvan Monteiro e Rita Nascimento e participação especial do grupo Percutindo Mundos, criado por Márcio Barreto. A entrada é gratuita.

A proposta do UrbanARTE é abrir espaço para discussão da arte contemporânea, apresentando seus procedimentos, desafios e rupturas. Com isso, a iniciativa do Instituto Artefato Cultural (www.artefatocultural.com.br) em parceria com o Fórum (www.forumdacidadania.org.br) e a Revista Pausa (http://revistapausa.blogspot.com) busca atualizar na cidade as discussões sobre produção artísticas em âmbito local e global, levando em conta seus diálogos e influências, debater as tendências da arte, valorizar e difundir o trabalho de pesquisa realizado pelos artistas na Baixada Santista.

O evento tem curadoria da jornalista, produtora e pesquisadora cultural Márcia Costa, do Instituto Artefato Cultural. A mediação fica a cargo do escritor e agitador cultural Flávio Viegas Amoreira, que fará o papel de provocador frente às amplas questões que abrangem o universo artístico.

A primeira edição do UrbanARTE, em abril, contou com a presença do arquiteto e professor de História da Arte Egydio Colombo Filho e da artista plástica e professora Márcia Santtos, do Estúdio Valongo, que discutiram o tema Artes Plásticas entre um público de cerca de 40 pessoas. Os convidados abordaram o seu trabalho e apresentaram tendências das artes plásticas na contemporaneidade.

Neste mês o público vai conhecer mais as idéias da eutonista, educadora corporal e pesquisadora em dança Célia Faustino, que integrou diversos grupos, como o Corpo Estável de Dança da Prefeitura Municipal de Santos, e desde 1994 desenvolve trabalhos solo. Atualmente é diretora do Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino, onde são oferecidas diversas atividades, a exemplo de aulas de dança.

Célia Faustino - foto: Christina Amorim

Edvan Monteiro, recém-chegado em Santos, veio de Fortaleza (CE), onde criou em 2001, em parceria com a bailarina Ariadne Filipe, a Cia. Etra de Dança Contemporânea. A companhia nasceu a partir de pesquisas de movimento para a Universidade Estadual Paulista (Unesp/Araraquara), após os estudos na Escola de Dança do Instituto Dragão do Mar, e é fruto das inquietações, da busca pela diversidade, de uma proposta estética unida à ideia de pesquisar movimento do então coreógrafo Edvan Monteiro. A palavra Etra é arte escrita de trás para frente, que significa na época a idéia de construir para desconstruir.

Edvan Monteiro


Célia e Edvan, junto com Márcio Barreto, integram o Núcleo de Pesquisa do Movimento – Imaginário Coletivo de Arte, que tem realizado várias apresentações, principalmente improvisos em dança em vários espaços da cidade. Os integrantes do grupo convergem da dança, eutonia, teatro, circo, música e “Le Parkour”. Estão diretamente ligados à experimentação através de núcleos de pesquisas desenvolvidos no Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino, no grupo Percutindo Mundos, de música contemporânea caiçara, na Cia. Etra de Dança Contemporânea e no Projeto Canoa – pesquisa da Cultura Caiçara.

Márcio Barreto (Percutindo Mundos) - foto: Christina Amorim


Já a bailarina e coreógrafa Rita Nascimento, que como Célia Faustino desenvolve um dos mais importantes trabalhos de pesquisa na cidade, principalmente voltado para a linguagem da Dança-Teatro, compartilhará com o público alguns aspectos dos seus mais de 20 anos de experiência na área da dança. Tendo o comprometimento da investigação da dança contemporânea, Rita dialoga com outras expressões artísticas, fazendo sempre um processo de reflexão e buscando a comunicação entre público e intérprete.

Teve vários trabalhos selecionados para a Bienal Sesc de Dança e é uma das bailarinas da cidade com maior participação no evento. Atua na Secretaria de Educação da Prefeitura, onde integra uma equipe multidisciplinar. Já deu aulas no Sesc, em faculdades e em escolas de Prefeitura.

Rita Nascimento

O bate-papo com os bailarinos será encerrado com uma improvisação de dança acompanhada pela música do Percutindo Mundos.




Mais informações:

Márcia Costa

(13) 9126-7210

terça-feira, 14 de junho de 2011

Atro Coração - Teatro Guarany - 16/07 as 21 hs - Santos /SP

Márcio Barreto e Crhisty-Ane Amici - foto: Biga Appes


Atro Coração - escrita e dirigida por Márcio Barreto será apresentada no Teatro Guarany em 16/07 - sábado as 21 hs - com montagem do Teatro Canoa, Imaginário Coletivo de Arte e Percutindo Mundos.


Uma peça que mistura Romeu e Julieta e Otelo (Shakespeare), Lua na Sargeta (David Goodis) e os filmes O Colecionador (John Fowles) e Cenas de um Casamento (Ingmar Bergman) para discutir os limites do amor através das relações de medo, desejo, sonho, loucura e realidade . Lilith após ser expulsa do paraíso invade os sonhos do anjo Gabriel e o seduz. Para puní-los Deus os lança à Terra como homem e mulher. Destituídos de suas memórias vagam até se encontrarem. De um lado o amor não correspondido, do outro o amor que nasce do medo da morte. Atro Coração coloca esses personagens em uma situação limite: o rapto.

Segundo Márcio Barreto "A peça procura discutir não o que é o amor, mas sim o que fazemos com ele e quais caminhos escolhemos em nossos relacionamentos."

No elenco Christy-Ane Amici e Márcio Barreto. A trilha sonora é composta e executada ao vivo pelo grupo Percutindo Mundos.

Atro Coração
16/07 - Sábado as 21 hs
Teatro Guarany
Pça dos Andradas, s/n
R$ 20,00 - Classe artística e estudantes pagam meia

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Imprevisto - Encontros de Improvisação




Dia 19/06 - Domingo as 16 hs - bailarinos e músicos do Núcleo de Pesquisa do Movimento, Imaginário Coletivo de Arte, Percutindo Mundos e Cia Etra convidam artistas e público para improvisarem juntos no Emissário Submarino de Santos - José Menino.

A partir da idéia de Arte Contemporânea Caiçara a improvisação será sobre ancestralidade e contemporaneidade, fazendo do corpo e da música sua expressão.

O Núcleo de Pesquisa do Movimento se reúne semanalmente no Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino (Santos /SP), onde são desenvolvidos laboratórios, pesquisas e vivências sobre improvisação.

11° Sarau Caiçara - Aquário Municipal de Santos





Celebrando o aniversário do Aquário Municipal de Santos, o 11° Sarau Caiçara convida o público a comemorar com muita música, literatura, dança, teatro e improvisação.

A edição contará com lançamento de livros e revistas, como os do selo editorial Sereia Ca(n)tadora, Edições Caiçaras e Revista Babel - que recentemente ganhou um prêmio importantíssimo de fomento, além de Regina Alonso Com "Circularidades", Maria José Goldschmidt - "Lua Rouxinol", Márcio Barreto - "Atro Coração", Madô Martins - "Avesso" e Flávio Viegas Amoreira que participa da antologia "Geração Zero Zero", Marcelo Ariel, Edson Bueno de Camargo e José Geraldo Neres.

A música terá a participação do grupo experimental Percutindo Mundos, Trio Kaanoa, Mantra Yoga e Tarso Ramos que além de sua composições improvisarão junto com o público e os bailarinos Célia Faustino, Jean Ferreira, Edvan Monteiro, Tatiana Pacheco, Jode Manzato, Flávia de Sá, Davi Soares e Fernanda Carvalho do Núcleo de Pesquisa do Movimento, Imaginário Coletivo de Arte e Cia Etra de Dança Contemporânea. O evento interage com as exposições fotográficas de Christina Amorim e Adriano Camolez.

Segundo Márcio Barreto, organizador do sarau "o Aquário de Santos faz parte de nosso imaginário e de nossas memórias, comemorar seu aniversário é celebrar um pouco de nossa identidade".





























Histórico:

O Aquário Municipal de Santos, o mais antigo do país, é o parque mais procurado da cidade e o segundo mais visitado do Estado, com cerca de 500 mil visitantes por ano. Inaugurado em 2 de julho de 1945, o Aquário Municipal de Santos foi uma iniciativa do Prefeito Antonio Gomide Ribeiro dos Santos. Com 1.000 m2 de área e 50 tanques, foi o primeiro e maior aquário brasileiro. fonte: http://www.vivasantos.com.br/aquario/historia/main.htm





O "11° Sarau Caiçara" é uma realização do Instituto Ocanoa, Projeto Canoa e Aquário Municipal de Santos.

11° Saracu Caiçara
Aniversário do Aquario Municipal de Santos
02/07 das 15 as 17 hs
Av. Bartolomeu de Gusmão - Ponta da Praia
Santos /SP
Entrada Gratuita

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Gilberto Mendes - Café Cultural - Pinacoteca Benedito Calixto - Santos /SP



Dia 11 de junho, o maestro e compositor Gilberto Mendes, dos mais importantes nomes da música erudita brasileira, reconhecido internacionalmente pelo seu vanguardismo musical e pela criação do "Festival Musica Nova" que comemora 50 anos, participa do "Café Cultural" na Pinacoteca Benedito Calixto.

"Gilberto Mendes, o mundo e seu tempo"
a partir das 17 horas
com mediação do escritor Flávio Viegas Amoreira

(uni)VERSO Espetáculo literomusical - Poetas Vivos - SESC Santos



SESC-Santos

(uni)VERSO

Espetáculo literomusical



O grupo POETAS VIVOS faz uma reflexão sobre a Arte Poética e Musical como resgate do Amorável entre os Homens. Fernando Pessoa e as descobertas, o mar unindo os continentes. O mistério, o santo e o profano. Whitman e seus poemas-canto de liberdade, de amor entre os homens, conclamando-os para o viver harmonioso em meio à natureza acolhedora. Mercedes Sosa, Violeta Parra e os poemas-canções libertárias. A aculturação do índio, a discriminação social, de cor e a mulher-núcleo geradora da vida são trazidos em versos de Regina Alonso.

A MPB e a música latino-americana (edição) conversam com os poemas reconstruindo, hoje, o espaço de convívio entre os homens.



Músico: Arcas
Cantora: Sol Martines
Intérpretes: Regina Alonso, Rogério Dias, Romualdo Simões,
Imagens- Arte: Israel Diniz



23 de junho Quinta-feriado 18h

SESC-Santos Auditório Entrada Franca

Oficina Literária com Marcelo Ariel - Espaço Rolidei



DE RIMBAUD À HAKIM BEY

UMA AULA SOBRE ETNOPOESIA E ONTOLOGIA
Oficina Literária com Marcelo Ariel


Projeto OUTRAS PALAVRAS
Espaço ROLIDEI
3º Piso do Teatro Municipal
28 de junho, terça Das 19h às 21h
Entrada Franca

MARCELO ARIEL É POETA E PERFORMER. AUTOR DOS LIVROS: ME ENTERREM COM A MINHA AR 15/CONVERSAS COM EMILY DICKINSON/O CÉU NO FUNDO DO MAR, A MORTE DE HERBERTO HELDER/TRATADO DOS ANJOS AFOGADOS ENTRE OUTROS...


AOS PARTICIPANTES pede-se trazer UM TEXTO AUTOBIOGRÁFICO EM FORMA DE DIÁLOGO ENTRE UM 'EU ' E UM 'ELE' OU 'ELA' , QUE SERÁ USADO NA OFICINA

sábado, 4 de junho de 2011

Percutindo Mundos - UNIFESP - Santos /SP



Reunidos para improvisar sobre a obra de Chico Buarque, Percutindo Mundos, Núcleo de Pesquisa do Movimento - Imaginário Coletivo de Arte e Zéllus Machado se apresentam no saguão na UNIFESP - Santos /SP - no dia 06/07 (terça) as 19 hs.

Através da música, dança e poesia os artistas e o público improvisarão sobre os universos de Chico Buarque. A apresentação faz parte da "Semana Chico Buarque" organizada pelo Laboratório de Sensibilidades da UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo).

ENTRADA GRATUITA
UNIFESP - Laboratório de Sensibilidades
Av. Saldanha da Gama, 89 - Ponta da Praia - Santos /SP