domingo, 27 de janeiro de 2013

Poéticas


"Percutindo Mundos: Poéticas para um novo tempo" traz ao palco uma literatura viva, instigante, capaz de unir o mar às nossas mais profundas memórias e à nossa contemporaneidade. Com direção de Márcio Barreto, o espetáculo é uma mistura de linguagens artísticas que envolve a poesia, música, vídeo e dança, convidando o público a celebrar a riquíssima literatura caiçara. 

foto: Fabio Peres Passos

Através de um repertório repleto de ambiências sonoras e impregnado pela música-cinema, o grupo Percutindo Mundos interpreta a poesia de Martins Fontes, Vicente de Carvalho, Rui Ribeiro Couto, Narciso de Andrade, Roldão Mendes Rosa, Regina Alonso, Madô Martins, Márcio Barreto, Marcelo Ariel, Flávio Viegas Amoreira e Ademir Demarchi tecendo novas tessituras e lugares por onde a palavra se movimenta livremente.  
foto: Fabio Peres Passos
A música se une à literatura, à dança, ao vídeo e à filosofia para refletir sobre nossa movência no universo e criar novos significados e possibilidades de expressão através de zonas proximais de ressignificação metalingüística, estabelecendo questionamentos sobre a atual condição identitária do homem e do lugar em que vivemos. O valor da obra consiste exatamente na preservação e reinvenção desta cultura local e genesíaca - o caiçara visto como expressão de ancestralidade, cosmopolitismo e contemporaneidade, formador de uma identidade nascida de diferentes culturas estrangeiras.

foto: Fabio Peres Passos
Para o escritor Marcelo Ariel  "a poesia é uma prova de que somos mais do que sonham as máquinas". Poetas que desde Martins Fontes tem levado a literatura santista ao Brasil e ao mundo, onde foram traduzidos em diversos idiomas, reconhecidos por universidades americanas e européias e inseridos definitivamente na história da literatura brasileira. Dedicado à memória do músico e poeta Zéllus Machado, o espetáculo  foi inspirado no depoimento do compositor Gilberto Mendes sobre a literatura santista, parte do documentário "90 anos, 90 vezes Gilberto Mendes" - do diretor Carlos de Moura Ribeiro Mendes.  
 
foto: Fabio Peres Passos
foto: Fabio Peres Passos
Deste modo, o processo criativo, como imagética genesíaca, desdobra-se em releituras identitárias que situam o invisível dentro da ficção social do espaço conduzido pelo discurso poético corporal: a reinterpretação do passado como noção transformadora do presente através do consciente coletivo, suas memórias, tradições, nomadismos e hibridismos. O corpo visto como palavra, lugar, música, afetividade e suas relações com o tempo, espaço, identidade, alteridade e memória – a dança como espaço criativo e simbiótico de permanências instantâneas e habitações momentâneas, o não-lugar, a reinvenção da realidade a partir do contato da pele.

foto: Fabio Peres Passos

Para o jornalista Marcus Vinicius Batista "assistir ao Percutindo Mundos é entender que se está diante de um processo singular. É um traçado que rasga as linhas óbvias da cultura de massa. Se o maestro Gilberto Mendes é a inspiração, o mar interpreta o fio condutor dos olhares..." e completa "este grupo resiste e insiste em nos indicar que é possível fisgar, limpar e digerir uma cultura local, impregnada de experiências pessoais, porém atenta à dinâmica social e política do litoral. Esta cultura caiçara em gestação (luto contra a tentação da palavra “nova” pelo reducionismo do rótulo) é coletiva, embora respeite as individualidades artísticas, num diálogo horizontal".  
Ao final, platéia, músicos, escritores e bailarinos se unem no palco para improvisarem através da "música livre caiçara".

foto: Fabio Peres Passos

Ficha Técnica

Direção: Márcio Barreto
Elenco: Antonio Eduardo (piano), Bruno Davoglio (baixo acústico), Célia Faustino (voz, percussão e dança), Felipe Faustino (percussão), Flávio Viegas Amoreira (poesia), Marcelo Ariel (poesia), Márcio Barreto (voz, percussão, sopro), Robson Peres (viola erudita)
Criação de vídeos: Márcio Barreto
Projeção de vídeos: Edvan Monteiro
Som: Paulo Resende
Fotografia: Fabio Peres
Iluminação: Edvan Monteiro

Duração: 01h15

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos
foto: Fabio Peres Passos
foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos

foto: Fabio Peres Passos
 

 Ficha Técnica

Direção: Márcio Barreto
Elenco: Antonio Eduardo (piano), Bruno Davoglio (baixo acústico), Célia Faustino (voz, percussão e dança), Felipe Faustino (percussão), Flávio Viegas Amoreira (poesia), Marcelo Ariel (poesia), Márcio Barreto (voz, percussão, sopro), Robson Peres (viola erudita)
Criação de vídeos: Márcio Barreto
Projeção de vídeos: Edvan Monteiro
Som: Paulo Resende
Fotografia: Fabio Peres
Iluminação: Edvan Monteiro

Duração: 01h15





terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um olhar sobre o espetáculo Percutindo Mundos: poéticas para o novo tempo. Testemunhamos uma revolução cultural caiçara?

O Manifesto caiçara  - por Marcus Vinicius Batista

 http://conversasedistracoes.blogspot.com.br/2013/01/o-manifesto-caicara.html

 



É impossível ter certeza e não me arriscaria a responder ou julgar o entendimento delas, mas tenho fé que cerca de 100 pessoas testemunharam, no último sábado, no Teatro do Sesc, em Santos, um sinal de mudança. Como se o teatro, endereço ocular de grandes espetáculos, discretos fracassos, artistas de raro talento e celebridades alçadas e perdidas nas coxias, percebesse que naquela noite renascia uma cultura. Na enésima reinvenção de si mesma, energizada pela persistência em se manter na frente de batalha.

O teatro observou o parto normal – com a inerência das dores – de uma lenta metamorfose nas entranhas de Santos. E a duas quadras do mar, laço de amor que empurrava artistas de variadas origens à iluminação do palco.

No espetáculo “Percurtindo Mundos – Poéticas para um novo tempo”, o capitão da nau é o multi-instrumentista Márcio Barreto. Mais do que talentoso, ele é um manifestante político. Parece uma criança que se diverte por horas dentro da bagunça organizada do quarto, onde somente ela sabe onde ficam os brinquedos e até onde se pode viajar. 



Inquieto e aglutinador, Márcio conduziu a embarcação, repleta de músicos e poetas, com ares de corsário, flexível ao balanço das marés de vanguarda, ágil em adaptar o navio às alterações de curso enquanto saqueava as novas poéticas que surgiam no navegar do espetáculo.

Assistir ao Percutindo Mundos é entender que se está diante de um processo singular. É um traçado que rasga as linhas óbvias da cultura de massa. Se o maestro Gilberto Mendes é a inspiração, o mar interpreta o fio condutor dos olhares, talvez o que mais os aproxime dentro do palco.

O mar reside nas palavras dos poetas convidados, ao vivo ou por suas criações. Gente como Ademir Demarchi, Marcelo Ariel, Márcio Barreto, Madô Martins, Flávio Viegas Amoreira, Regina Alonso, Narciso de Andrade, Roldão Mendes Rosa, Martins Fontes, Vicente de Carvalho e Rui Ribeiro Couto.

O mar está nas mãos do pianista Antônio Eduardo, que navegam pelo piano a traçar obras que homenageiam a terra caiçara. O mar que regurgita sons nas mãos do percussionista Felipe Faustino e nas cordas de Bruno Davoglio e Robson Peres.

O mar é um peixe hospedeiro que cola nos movimentos de corpo de Célia Faustino, a única mulher em cena, hábil em transpirar os poemas como extensões de sua dança. Ou seria o contrário?

Este grupo resiste e insiste em nos indicar que é possível fisgar, limpar e digerir uma cultura local, impregnada de experiências pessoais, porém atenta à dinâmica social e política do litoral. Esta cultura caiçara em gestação (luto contra a tentação da palavra “nova” pelo reducionismo do rótulo) é coletiva, embora respeite as individualidades artísticas, num diálogo horizontal.

A coletividade, no entanto, não se resume à reunião de artistas no palco. Ela só existe por conta de uma intersecção que exige a criação social, como uma sessão de jazz que incorpora o som das ondas da baía.

Neste parto coletivo, o público é também pai e mãe. Como na imagem acima, que registra o embarque de parte da plateia no palco do Sesc, cúmplice em recriar dança e música que havia acabado de vivenciar. 

A próxima escala é a Pinacoteca Benedito Calixto. No próximo sábado, acontece o III Sarau Santista, às 16 horas. É mais uma página para a celebração cultural (e revolução política) que começa a se desenhar, a seu próprio caminhar caiçara, na cidade.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

III Sarau Santista - Pinacoteca Benedicto Calixto






















Escritores, músicos, pensadores e bailarinos, através de sua arte, refletirão sobre a identidade cultural santista, suas origens e desdobramentos na contemporaneidade no aniversário da cidade.

Organizado por Flávio Viegas Amoreira,  Márcio Barreto e Regina Alonso o evento contará com a participação do grupo Percutindo Mundos, Companhia Instável de Repertório, Sidarta, o pianista Antonio Eduardo, Alice Mesquita, Regina Alonso, Madô Martins, Ademir Demarchi, Alessandro Atanes, Marcia Costa, Maíra de Souza, Angela Castelo Branco, Rogério Baraquet, Maria Teixeira, Manoel Herzog e José Simonian.

III Sarau Santista
26/01 | Sábado | 16h
Pinacoteca Benedicto Calixto
Av. Bartolomeu de Gusmão, 15 - Santos /SP
Entrada Gratuita