sexta-feira, 15 de março de 2019

CELEBRANDO A CULTURA CAIÇARA

A Semana da Cultura Caiçara de Santos, lei 2920/2013, em sua 6ª edição, prevê uma ampla programação voltada à cultura caiçara, suas atividades envolvem música, dança, teatro, literatura, contação de histórias, artes visuais, artes plásticas, cinema, gastronomia, debates, oficinas, esportes e turismo de base comunitária. 
Com realização da Prefeitura de Santos, curadoria de Márcio Barreto, as comemorações envolvem várias regiões de Santos, bem como Guarujá e São Vicente com fortes heranças caiçaras.
Já inserido no Calendário Oficial de diversas cidades (Santos, Guarujá, São Vicente, São Sebastião, Cananeia, Ubatuba, Paraty entre outras), em Santos a Semana terá ações em escolas, universidades, comunidades de base, feiras, equipamentos turísticos e demais espaços públicos e naturais, visando também o fortalecimento de redes de empreendedorismo criativo e sustentável que possibilitem a troca de bens e serviços culturais, bem como a circulação das pesquisas referentes ao caiçara e suas relações com o Meio Ambiente.
De fundamental importância para a formação da identidade nacional, o caiçara representa a gênese e o desenvolvimento de uma cultura que nasce no litoral, nos primeiros anos da Colonização, através da miscigenação entre o indígena, o europeu e o africano, e depois expande-se pelo território brasileiro através dos Bandeirantes, tropeiros e pelos diversos ciclos econômicos pelos quais passou. A região de Santos, dada sua abrangência histórica que remonta às primeiras décadas da colonização, é um importante campo de estudo para a cultura caiçara. Presente ainda em regiões como Ilha Diana e Caruara, núcleos ligados à pesca e ao trabalho com a terra e que, por isso, guardam as tradições caiçaras, observa-se a contemporanização dessa cultura, adaptando-a às suas novas necessidades.

Tramita na Câmara de Santos projeto de lei para mudança da data de comemoração de março para maio, saindo do período da Quaresma, através da vereadora Telma de Sousa.

PROGRAMAÇÃO
(sujeita a alterações)

15/03 | Sex
Pinacoteca Benedito Calixto
20h – Abertura Oficial da 6ª Semana da Cultura Caiçara de Santos

16/03 |Sab
Ponte Edgard Perdigão
10h – Passeio e oficina fotográfica através de trilhas e comunidades caiçaras. Itinerário: Ponte Edgard Perdigão, Nossa Senhora dos Navegantes, Góis e Sangava.

Estação da Cidadania
18h – Feira Imaginária
Feira de livros de editoras independentes da região e bate-papo com autores.

20h – Pindorama
Encontro de Rap Caiçara

17/03 |Dom
Itaquitanduva
09h – Mar Selvagem
Passeio e oficina fotográfica pela trilha do Parque Estadual Xixová-Japuí que leva à uma das poucas praias selvagens da região, Itaquitanduva, frequentada, principalmente, por surfistas. Saída: Centro de Visitantes do Parque Estadual Xixová-Japuí. Com Anak Albuquerque

10h – Café da manhã comunitário

11h – Surfe Raízes
Oficina sobre história e prática do surfe e suas relações com a cultura caiçara. Com Danilo Alves

12h – Ação Ambiental
Coleta de resíduos sólidos e plantio de sementes nativas

Estação da Cidadania
18h – Sarau Caiçara

19/03 |Ter
Associação Cultural Jose Marti
19h – Cine Caiçara
Exibição do filme “Hans Staden” de Luiz Alberto Pereira, e bate-papo com o escritor e crítico Flávio Viegas Amoreira

20/03 | Qua
Morro Santa Maria
14h – Batalha do Conhecimento
Leitura e interpretação de poetas caiçaras adaptando seus textos para o flow do Rap

21/03 | Qui
Caruara
10h – Batalha do conhecimento
Leitura e interpretação de poetas caiçaras adaptando seus textos para o flow do Rap

14h - Projeto Leia Santos (Prefeitura de Santos)
Doação de livros e revista

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019


Lançamento do livro "A Desmemória e seus outros nomes" de Márcio Barreto (Editora Imaginário Coletivo) - Sexta Cultural (Estação da Cidadania)

O lançamento contará com Sarau Caiçara, Feira Imaginária (livros) e a participação do Percutindo Mundos, Mc Dany, Douglas Drez, Nytria, Orpheu, Martin, os escritores Flávio Viegas Amoreira, Madô Martins, Regina Alonso e convidados. No dia a jornalista Hele Alves será homenageada com exposição da fotógrafa Myriam D'Almeida.

A obra reúne os últimos quatro livros de Márcio Barreto (O novo em folha; Nietszche: ou do que é feito o arco do violino; Mundocorpo; Macunaímabladerunner), poemas inéditos e entrevistas que marcaram sua produção literária de 2010 a 2018. Com prefácio de Ademir Demarchi, Flávio Viegas Amoreira, Manoel Herzog, Laercio Silva, Madô Martins, Maria José Goldschmidt, Oscar Dambrosio e Carlos Pessoa Rosa, o livro é um monumento móbile às memórias e desmemórias que nos formam.

Nascido em Santos, Barreto é pesquisador da cultura caiçara e utiliza diversas linguagens para expressar suas questões como a literatura, edição de livros, música, cinema, dança, arte-educação, educação social. Segundo o escritor e crítico literário Flávio Viegas Amoreira “Márcio Barreto é demiurgo e exegeta ao mesmo tempo sempre. Encontrar um novo poeta com essa qualidade e voracidade não é pouca coisa: Márcio tateou, sondou todas artes até entregar-se com perícia de artesão que é em todas, à literatura: nela estão contidos o músico na origem, o olhar cinético do documentarista, o homem lançado ao mundo como ele se dá, um poeta da existência, um existencialista lírico.”

O escrito Manoel Herzog, outro prefaciador do livro, comenta “É saber mesclar a dodecafonia à percussão dos atabaques, é impor o fluxo de consciência joyceano à língua tupi, a banana aos sabores caucasianos. Somo aqui a minha voz aos cultores da obra do multiartista Márcio Barreto.

Publicou sete livros entre eles “Ácidos Trópicos” e “Wisnikianas” – dramaturgia, “Mar Selvagem (org.)”, “Mundocorpo”, “Macunaímabladerunner” – poesia. Atualmente trabalha na edição de seu romance “Totem” com previsão de lançamento para este ano. É também compositor e líder do coletivo Percutindo Mundos que criou profundos laços com a música de Gilberto Mendes, ao qual é dedicado o livro, tendo encerrado o último Festival Música Nova (criado pelo compositor em 1962), na USP em Ribeirão Preto. Parceria que se estende à obra do decompositor Livio Tragtenberg,  que sobre o livro comenta:

“Quando se levanta, desce a cortina da realidade.
quando se deita, sobe
às nuvens, a imaginação.
num purgatório de experiências humanas,
se situam as desmemórias de márcio barreto.
o apagamento doloroso que nos propõe,
com ácida ironia,
onde um olhar de soslaio, transversal,
busca fendas entre realidades.”

A escritora e psicóloga Maria José Goldschmidt comenta “Ler Márcio Barreto significa extraviar, esquecer, desmemoriar, melhor, sim, desmemoriar os livros lidos, os nomes conhecidos, os universos literários, desligar nossas belas músicas populares e imergir em Wagner. Visionar o índio em silêncio a espreitar o futuro passado. Movimento incessante de uma nau que rodopia num rodamoinho do oceano onde a Realidade marca o chão e puxa para fora e joga na calmaria mais uma vez, mas logo leva o leitor a adentrar os labirintos das palavras onde a Terra sem Males fica cada vez mais distante. “O mundo está nu!”. Macunaíma somos nós. O fogo sempre será roubado e o corpo é nosso mundo. Sigamos com os olhos abertos. Sigamos com esse mestre humilde menino imenso.”

Lançamento
A desmemória e seus outros nomes
Márcio Barreto (Editora Imaginário Coletivo)
14cmx21cm
332 páginas
R$ 40,00
Estação da Cidadania
Avenida Ana Costa, 340
Santos SP

foto Roberta Tiberio